DA IRIDOLOGIA À IRIDOSSOMATOLOGIA
Nos olhos, podemos sentir a presença da vida, testemunhar o que há de eterno e tentar decifrar mistérios. Eles se turvam com os açoites da enfermidade e brilham com a saúde: "Em cada olhar sem luz, um sol
sem vida" (Luiz Delfino).
Parafraseando
Shakespeare, existem muito mais coisas entre os olhos e o corpo do que vê o
nosso descuidado olhar. Olhos tristes, ternos, doces,
magoados, medrosos, apaixonados, desconfiados, orgulhosos, verazes, mentirosos, etc.
Na Mitologia, uma parte dos olhos era chamada de íris em reverência à íris, a mensageira das potências
macrocósrmicas ou deuses. Essa macrocosmicidade não
era algo separado e independente: fazia parte de um todo,
de um organismo gigantesco cheio de vitalidade chamado
Universo, considerado como ser orgânico, à imagem do ser humano, o microcosmos.
Analogicamente, macro e microcosmo
são iguais, e a íris do macro é a mesma do
micro, e nós oferece as mensagens do panteão de deuses microcósmicos.
Para os gregos, Íris
era tida também como a deusa da mutação
e da morte. Afirmavam eles que a íris dos olhos
assinalava as metamorfoses da vida acontecidas com o decorrer dos anos. Os
gregos ritualizavam nos altares dos templos e invocavam a mensageira dos deuses macrocósmicos.
O Iridossomatologista ritualiza em outro altar: o da vida. Prescuta a sublime deusa microcósmiça e ela, paramentada com o sedoso tecido de suas próprias fibras, escreverá suas mensagens às indagações do médico sobre saúde ou doença.
O homem começou a especular em torno do olho muito antes que a ciência médica se tornasse uma atividade organizada. Do passado longínquo pouco se sabe. Existem hipóteses que podem ser especuladas. Alterações nos olhos já eram relacionadas a problemas de saúde tanto no antigo Tibete quanto na índia e China.
Mil anos antes de
Cristo era utilizada em apoio a outras ciências: análise do pulso, dos traços fisionômicos, da língua e também na acupuntura. Para a medicina
oriental, existe íntima relação entre sinais nos olhos
e alterações funcionais nos órgãos. Quando o canto interno dos olhos, por exemplo, exibe cor vermelha há indicação de que o coração está com o Yang alto.
Em outro exemplo, quando a pupila está contraída, há indicação de que os rins estão em profundo desequilíbrio. Quando a pálpebra inferior exibe olheiras, há indicação de disfunção do fígado e dos rins. E, em último exemplo, quando as pálpebras estão inchadas, há indicação de que o baço está com excesso. Desde épocas imemoriais, qualquer pessoa conhecia o significado da palavra japonesa "sanpaku" que, literalmente, quer dizer: olho
com três partes brancas circundantes.
Em alguns trabalhos de
Hipócrates e de Paracelso são encontradas referências
sobre o tema.
Jesus Cristo: "Se teu olho for
bom todo o teu corpo será bom: Muito embora o especulativo possa nos levar a muitas deduções teóricas eficazes ou a intermináveis debates, não ingressaremos por esses caminhos. Importam-nos os fatos concretos da Iridologia como uma ciência proba e que possa ser acreditada pelo seu passado de pesquisa e pelo grande
potencial que tem.
Embora poucos saibam, saúde e
doença podem ser lidas nos olhos como se lê a
intimidade de um diário. Eles registram uma história (Teus olhos são rneus livros, dizia
Machado de Assis). Para nós é suficiente reconhecer três
importantes acontecimentos históricos:
* o primeiro há
mais de três séculos mais precisamente,
em 1670;
*o segundo, ocorrido no ano
de 1724, portanto há quase 300 anos;
* o terceiro entre 1880 e 1900.
O primeiro importante
acontecimento histórico, ocorrido no ano de 1670,
chega-nos no livro Chiromantia Médica e Fisionomia Médica, de autoria de Philippi Meyens, onde, em referência à ciência de
diagnóstico através dos olhos, escreveu o seguinte:
Para descobrir em que parte do corpo se encontra a doença, deve-se dividir o olho em 4 secções:
a superior representa a cabeça;
A inferior representa as doenças de
origem estomacal;
A
secção lateral esquerda representa o coração, o baço, o tórax esquerdo e os
pequenos vasos.
Da
citação, compreende-se facilmente que a primeira carta topográfica da íris em
segmentos radiais foi a de Philipp Meyens. Seus quatro segmentos formavam o xis
de Meyens ou cruz do pâncreas e, como se demonstrará, serviu de base e
inspiração para a ideação das demais cartas topográficas que, ao longo do
tempo, foram surgindo.
O
segundo importante acontecimento histórico, ocorrido no ano de 1724, aparece no
livro do Imperador chinês Chen Lung que, referindo-se à
Iridologia, escreveu o seguinte:
Secciona-se
o olho em 5 zonas concêntricas;
A
primeira é a pálpebra ou roda de carne. É a projeção do baço e das carnes;
A
segunda é o branco do olho ou roda do sangue. É a projeção do coração e do
sangue;
A
terceira é o branco na íris ou roda da vida. É a projeção do pulmão e da vida;
A
quarta é a íris ou roda do vento. É a projeção do fígado e dos músculos;
A
quinta é a pupila ou roda da água. É a projeção das articulações e dos ossos.
Aqui
também é fácil de verificar que a primeira carta topográfica do olho – não da
íris – em segmentos concêntricos foi a de Chen Lung.
Ela
serviu de inspiração para ideação de minha carta topográfica modular a qual,
apesar das diferenças, constitui-se na segunda carta assim como a de Péczely se
constitui na segunda carta topográfica da íris em segmentos radiais. As citações feitas nos dão uma imagem da
metodologia para o procedimento de exames médicos no período compreendido entre
1670 e 1900. Eram utilizadas duas diferentes cartas topográficas do olho, uma
radical, a de Meyens e outra circunferencial, a de Chen Lung. Isso permite
cogitar sobre o modo com deveriam ter sido realizados os exames durante os
séculos anteriores.
Os estudos de Meyens foram aprofundados em 1695 pelo Iridologistà alemão Siegmund Eltzholtz.
No ano de 1786 foi editado um trabalho de Cristian Haertls, com o título O
Olho e seus Sinais.
O terceiro importante
acontecimento histórico ocorreu no ano de 1880, quando o
médico húngaro Ignaz von
Péczely, doutorado em medicina em 1867 pela
Universidade de Viena, publicou seu segundo livro sob o título Introdução ao Estudo do Diagnóstico pelos Olhos, no qual defendeu uma carta topográfica da íris em
cujas localizações, segundo ele, se
refletiam os órgãos do corpo. Um pouco antes, em 1873, já tinha publicado o seu primeiro livro, com o título A íris.
Em primeiro momento, a carta de Péczely não despertou.!
O interesse que ele esperava.
Até por volta do início do século não era utilizada pelos
profissionais da área, que continuavam aplicando os métodos tradicionais, tidos
por suficientes para o procedimento dos exames
médicos.
A partir de 1900, com o
advento da carta topográfica radial da íris elaborada por Péczely a ciência de
diagnóstico através dos olhos começou a ser
direcionada para o estudo das fibras do tecido da íris e na descoberta de eventuais irregularidades nelas inseridas, ao mesmo tempo em que se começava a abandonar a carta de Chen Lung. O termo ciência de diagnóstico através
dos olhos começou a ser substituído pelo de Iridologia.
Indiscutivelmente a carta
de Péczely foi um bom avanço. O estudioso encontrou,
porém, resistência e até adversários principalmente
porque as irregularidades inscritas no tecido iridiano - que chamavam a atenção
para desordem em determinado órgão - nem sempre era confirmadas pelos doentes.
Outras vezes, o doente com patologia diagnosticada e indiscutível, não exibia
sinal correspondente na íris. Como é
de se supor, isso fazia com que os profissionais de então colocassem sob suspeita a carta idealizada
por Péczely. Hoje persistem as mesmas
desconfortáveis suspeitas. Elas levaram muitos profissionais a abandonar a aplicação do método. Foi, principalmente, por impropriedades assim - existem outras - que a
Iridologia não se consolidou como
ciência de diagnóstico clínico. Foi no alvorecer deste século que a carta de
Péczely começou a ser olhada com
alguma simpatia, em virtude da atuação de um de seus discípulos, o
pastor de igreja Nils Liljequist. O pastor escreveu, em 1887, um livro, editado em língua alemã, com o título Diagnóstico pelo Olho. Mais tarde, em 1903, o mesmo livro foi
traduzido e editado no Estados Unidos,
defesa e promoção do trabalho de Péczely, Liljequist recebeu o decisivo apoio de um dos mais respeitados
iridologistas da época, o alemão
Emanuel Felke, também pastor de igreja. Com ele, aderiram seus discípulos Heinrich Hense, Eva Flink e
Magdalene Madaus, iridologistas de
renome.
A Iridologia teve, então,
grande florescência. Nasciam novos profissionais em
todo o mundo mas principalmente na Alemanha que se constitui no maior centro iridológico do globo. Além dos pioneiros já citados, são reconhecidos naquele país os trabalhos de:
Peter Johannes Thiel; Josef Angerer; Rudolf Schnabe1;
Josef Deck;
Alfred Maubach; Theodor Kriege; Ernst
Hugo; Kabiscj Jaroszyk;
Andres Muller; Gunther Lindemann; F.
Vida; etc.
Em diferentes países surgiram outros
notáveis Iridologistas: na França, entre outros, reconhecem-se os trabalhos de
Gilbert Jausas; Serge Jurasunas; M. Rubin; Anfré Roux; R. J. Bourdiol e Dr. Vannier.
Na Suécia: K. Gronwall.
Na Suissa: Dr. Wermuth.
Na Inglaterr
W. Priest e Andershou.
Na Áustria: K. Baumhauer.
Na Espanha: Vander e Ferrandiz.
No Chile: Manuel Lezaeta
Acharám.
Nos Estados Unidos a ciência de diagnóstico
através dos olhos começou a sua história no ano
de 1903, com o livro Diagnóstico do olho, de autoria de
Nils Liljequist e que teve no médico norte-americano Henry Lahn seu maior divulgador. Naquele país reconhecem-se ainda os trabalhos de Cárter, de Denny Johnson e de Jensen. Não só a Iridologia tradicional mas,
também a sociedade deve gratidão a Jensen. Sua
influência em nosso país foi de inestimável valor.
E, por fim, no Brasil, a ciência de diagnóstico através dos olhos foi introduzida por emigrantes alemães que chegaram nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, destacando-se Anton Weihermann, com atuação no estado catarinense.
No estado do Paraná, o homeopata Dr. Nilo Cairo de Souza Knorr, foi pioneiro da Iridologia, associando-a à
homeopatia.
Dr. Matheus M. de Souza, colega nos primeiros aprendizados iridológicos ministrados pelo prof.
George E. Vix, Matheus com atuação no Estado de São
Paulo também foi pioneiro da Iridologia,
associando-a à quiropatia.
Os paulistas, Dr. Celso Fernandes Batello, homeopata, iridologista,
presidente da Associação Médica Brasileira de Iridologia, e da associação Mundial de Iridologia e Dr. Marcio Bontempo, autores de livros sobre o tema.
Reconhece-se ainda o
trabalho de divulgação, ensino e treinamento
ministrados no Brasil por Gurudev Singh Khalsa. A modéstia não poderia impedir minha inserção
no contexto histórico da Iridologia. Ao
longo de mais de trinta anos de pesquisa e experiências clínicas, foi
possível reunir um acervo com mais de cento
e dez mil pares fotografias de olhos de pessoas que viabilizou a criação de um sistema de diagnóstico
suficiente amplo para descobrir precocemente
uma doença futura e procurar tratá-la antes de apresentar sintomas.
As pesquisas feitas e
seus resultados estão reunidos, didaticamente, em cds,
programas para computador e apoio de livros técnicos que servem de treinamento intensivo para profissionais da
área médica. Nesse contexto não poderia, deixar de citar
o dedicado trabalho e inestimável colaboração de Luiz Antonio Gauér Moreira que me acompanhou no desenvolvimento de
pesquisa e que, por isso está inserido na minha historia. No
meios iridológico, ocupo o cargo de diretor da área de pesquisa científica e tecnologia da Associação
Mundial de Iridologia.
Como fica claro, a ciência de diagnóstico através dos olhos ou Iridologia tem um passado de pesquisas que a classifica como uma ciência de conhecimentos respeitáveis que, se aplicados com seriedade, poderá vir a se tornar um instrumento de inestimável valor na prevenção das doenças ou, quando elas já aconteceram, será eloqüente para indicarem as suas causas.
A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem a redução do risco de doenças e
outros agravos e ao acesso
igual e igualitário às ações
e serviços para sua promoção, proteção e recuperação."
(Art.194 da Constituição do Brasil).
Os direitos e deveres constitucionais requerem uma revisão do modelo nos
serviços de saúde, de posturas sedimentadas ao longo da sua história, de nova reflexão e da tomada de decisões para sua implementação. "Quais são as saídas
possíveis?" indaga Gilson Carvalho,
ex-secretário de Assistência à Saúde do Ministério da Saúde.
Ele
responde: "Hoje falta a nós, administradores da saúde, até mesmo a resposta a ser defendida. Não sabemos os
caminhos. Não tentamos as
alternativas. Apenas temos consciência de que desse jeito não dá. Estamos convictos de que as mudanças são
necessárias".
Na carta de Goiânia, os secretários
municipais reafirmaram! a necessidade de
mudança no modelo assistencial atual individual e curativo - para a promoção da saúde de forma
preventiva.
Consta no programa de governo
nenhuma ação governamental poderá ser eficaz se não for
mudado o modelo de atenção à saúde. Ao invés de pensar simplesmente na cura, deve-se
atuar na promoção da saúde e
na prevenção da doença. O novo conceito exige
que saúde seja entendida como expressão da qualidade de vida dá população, e não somente como cuidados
médicos à doença.
Que ninguém quer adoecer
é uma verdade. Mas isso vive acontecendo. A ciência de um modo geral está
orientada por princípios analítico-racionais que mais
se ocupam na solução de
problemas e não tanto para impedir o seu
surgimento. Essa orientação científica ficou embutida na educação e o homem se conformou em esperar o acontecimento de problemas - os sintomas - sem se importar com ás possibilidades de impedir o surgimento deles.
Para enfrentar
dificuldades ainda maiores das que já envolvem a humanidade, será preciso repensar muita coisa que não está dando certo. Será preciso refletir sobre as grandes mudanças ocorridas na segunda metade deste século. Uma foi a sociedade
de antes dos anos 50 e outra depois dele. Na primeira
metade do século, as condições de vida estavam resguardadas
por princípios mais saudáveis, reconhecidos por todos.
Quem viveu aqueles tempos distingue grandes
diferenças: ar poluído, água contaminada, alimentos despotencializados,
quimificados e agrointoxicados drogas, etc. Esses elementos hostis que não nos perturbavam antes dos anos 50, agora são causa de doença e exigem, por isso, um abrangente monitoramento preventivo da saúde que permita substituir a política do adoecer pela do não adoecer.
Entendendo que o termo Iridologia não traduz o nosso trabalho, adotamos um termo novo e mais abrangente: Iridossomatologia, ou seja, o
estudo fisioanatomopatológico do corpo em ação, também realizado sobre a íris do olho. Da nova definição decorre 0e Iridossomatologista é o especialista na leitura e interpretação de uma Iridossomatografia expressa num Iridossomatograma
A Iridossomatologia investiga áreas fisiológicas reflexas que possibilitam uma visão integral do homem como uma entidade em funcionamento pelo estudo do rendimento de cada setor corporal - chamado módulo -, suficientemente amplo para descortinar uma imagem do indivíduo total em ação pela sua sobrevivência e conservação, indicando precocemente desequilíbrios orgânicos em sua fase pré-sintomática e procurando eliminá-los antes de se tornarem doenças. Além de seu aspecto preventivo, o Sistema Gauer de Diagnóstico - Iridossomatologia - tem obtido resultados equivalentes e convergentes e, por isso, pode ser considerado importante recurso no
balizamento do raciocínio médico
no tratamento de uma grande diversidade de quadros
clínicos. Amparado pela tecnologia da informática o Sistema Gauer de Diagnóstico -
Iridossomatologia - está sendo programado para
responder a comandos de computador e informar
rapidamente sobre a qualidade da saúde pública em grandes segmentos da sociedade: quantos gozam boa saúde? Quantos estão em vias de perder a saúde? E quantos já estão doentes?